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quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sófocles-rei


Pertencente à aristocracia – era filho de um rico fabricante de armas – Sófocles destacou-se como um dos maiores trágicos gregos, ao lado de Eurípides e Ésquilo, nasceu na localidade de Colona, próximo a Atenas, em 495 a.C. e faleceu em 405 a.C. Foi contemporâneo de Ésquilo (525–456 a.C.), Sócrates (469–369 a.C.). Viveu, portanto, 90 anos, em pleno século de ouro da Grécia, ao longo dos quais escreveu mais de 100 obras. Apenas sete alcançaram nossos dias na íntegra: Ájax, As Traquínas, Filoctetes, Electra e a trilogia sofocliana: Édipo Rei, Antígona e Édipo em Colono.

A Pólis - cidade-estado grega - era a unidade político-administrativa do mundo grego do tempo de Sófocles. Não haviam ainda países como concebemos atualmente. Cada cidade compunha seu conjunto de leis e, mesmo quando alinhadas em ligas ou confederações, mantinha independência uma em relação às outras.

As cidades gregas do período eram construídas ao redor de um acidente geográfico denominado acrópole. Tratava-se de um pequeno planalto, situado a aproximadamente 50 metros acima do nível da cidade, sobre o qual eram edificados edifícios públicos, em geral templos religiosos. A mais célebre acrópole é a de Atenas, sobre a qual foi construído o Parthenon.

A sociedade destinada a administrar e defender a cidade antiga grega era composta por uma base populacional composta de cidadãos livres, metecos (estrangeiros dedicados ao comércio), mulheres e crianças, além de grande contingente de escravos. O cidadão livre, único segmento da sociedade com direito a voto nas plenárias que tinha lugar na praça central – a Agora. Tratava-se de um indivíduo isento da atividade produtiva, dedicado ao ócio graças à mão-de-obra escrava, gerada por meio de guerras, endividamento ou nascimento.

Apoiando a ruptura do pensamento humano com o mito, a racionalidade lança as bases da filosofia grega, que é inspiradora e matriz do pensamento da civilização européia moderna (ocidental, portanto!).

O século em que viveu Sófocles, V a.C., é denominado pelos pesquisadores como o século de ouro da sociedade grega e a filosofia classifica o período como “socrático”, pois nele viveu o maior filósofo grego: Sócrates, que teve como discípulo Platão, responsável por registrar em suas obras, na maioria diálogos, a existência e o conhecimento produzido pelo ilustre pensador.

O capítulo XIV da obra História da Grécia de Mario Curtis Giordani, editado em 1967 pela Editora Vozes, compõe com muita propriedade um retrato sobre a riqueza e a imortalidade da literatura grega e nos apresenta a péssima noticia de que a grande maioria das obras perdeu-se ao longo do movimento da história. Seus escritos apresentam íntima ligação com a cultura ocidental e são fartamente estudados e utilizados ao longo de diferentes períodos da história. Pensadores das mais diversas origens debruçaram-se sobre tais obras para comporem, a partir delas, seus próprios escritos. Agostinho, Tomás de Aquino, Comênio, Rousseau, Locke, Boécio, Averróis e outros notáveis fundamentaram suas criações a partir das leituras dos gregos de todos os períodos: pré-socráticos, socráticos e helenísticos. O pensamento de Sócrates pode até ter representado uma divisão da linha temporal grega, mas nos períodos anteriores e posteriores existiram intelectuais da mais brilhante estipe, como Parmênides, Heráclito, Protágoras e Epicuro.

A leitura de clássicos do teatro grego como Medeia, Antígona ou Édipo-Rei expõe um conjunto de qualidades admiráveis da literatura grega do período: originalidade, beleza, desembaraçamento e musicalidade. Estes textos gregos foram escritos no dialeto jônico-ático, que foi a língua dos poetas e filósofos de Atenas, e impressos em papiros, com uma escrita pessoal, distinta da caligráfica, da cursiva ou da administrativa, destinadas aos negócios, da justiça e da administração da polis, executadas por escribas profissionais.

A literatura grega é dividida em três períodos: pré-Ático ou jônico, das origens ao século V a.C.; Ático ou ateniense, do século V a.C. ao ano de 320 a.C. – nesse período surgem a tragédia, a comédia e o teatro; helenístico, estende-se até Roma.

Tal como o estádio, onde se realizavam os esportes olímpicos, toda cidade grega possuía um teatro, onde as peças eram encenadas para o público. Esta atividade cultural grega nasce a partir dos cultos dionisíacos (religiosos, portanto). Os espetáculos eram financiados pelo Estado e as peças eram julgadas por comissões que conferiam prêmios aos melhores espetáculos. Ésquilo, Sófocles e Eurípides foram os trágicos mais premiados da Grécia Antiga.

Os espetáculos teatrais eram elementos importantes da cultura geral grega e só eram apreciados por uma elite aristocrática.

Peças como Prometeu Acorrentado, Édipo - Rei e Medeia adquiriram um caráter universal e foram encenadas inúmeras vezes em palcos de todo o mundo.

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