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quinta-feira, 23 de julho de 2009

Aristóteles de Estagira

A partir do século IX a.C., tem início para a Grécia Antiga um importante período de sua história: as comunidades aldeãs dos tempos homéricos (1200 a 800 a.C.) cedem lugar a unidades políticas maiores, sempre formadas em torno de uma acrópole (parte mais elevada da cidade grega – a mais célebre foi a de Atenas, onde foi erigido o Parthenon). São as cidades-estado: Tebas, Megana, Corinto, Mileto e, as mais importantes, Atenas e Esparta. As cidades-estado variavam muito em área, costumes e população, tendo passado para a história como o berço da democracia e da filosofia do mundo ocidental.
Nesta sociedade grega conviviam diferentes grupos sociais: os artesãos, os trabalhadores liberais (como os médicos), os pequenos proprietários e os não-proprietários, além de escravos, aprisionados por guerra ou dívida, que tinham sua força de trabalho utilizada em lavouras, oficinas artesanais e afazeres domésticos. O trabalho escravo permitiu aos cidadãos mais ricos liberarem-se do trabalho produtivo, tendo sua condição privilegiada determinada pela extensão de suas propriedades e pela quantidade de escravos que dispunham.
Algumas inovações surgidas entre os séculos VIII e VI a.C. ajudaram a mudar a visão que o homem grego tinha de si mesmo e do mundo: com a escrita, a moeda, as leis escritas e exercendo a cidadania na Pólis, o homem avançou de uma consciência mítica - importante, pois representou a exploração inicial de um vasto mundo desconhecido - para uma consciência filosófica, que alcançou seu apogeu, junto com a própria civilização grega, no período denominado Clássico, compreendido entre os séculos V e IV a.C.
Expoente do período Clássico, Aristóteles foi o pensador grego que mais fortemente influenciou a civilização ocidental. Suas pesquisas em lógica, ética, política e ciências não sofreram maiores contestações até meados do século XVII. O sábio grego nasce em Estagira, na Macedônia, em 384 a.C., sendo seu pai médico do rei Amyntas, sucessor de Felipe II e Alexandre Magno. Em 367 a.C. viaja até Atenas, uma cidade já consagrada como o centro mundial do conhecimento, inscrevendo-se na célebre Academia de Platão, que se encontrava ausente, buscando implantar, sem sucesso, suas idéias na Síracusa, onde o novo tirano, Dionísio II, havia ascendido ao poder. Na Academia, a figura principal era o matemático e astrônomo Eudoxo de Cnido. Um ano depois, Platão retorna fatigado de sua jornada e é então apresentado ao seu novo discípulo. Aristóteles permanece aí cerca de vinte anos e encontro em Platão, cinqüenta anos mais velho, um incomparável professor.
Em 317 a.C. morre Platão, e Aristóteles, terrivelmente decepcionado por não ter sido escolhido pelo mestre para a direção da Academia, deixa Atenas e parte em direção a Assos, atual Turquia, onde permanece até 344 a.C., na corte de Hérmias, ex-integrante da Academia, até o assassinato deste tirano. Por dois anos permanece em Mitilene, até que em 343 a.C. é convocado à corte de Felipe II, em Pela, com a missão de tornar-se o preceptor de Alexandre, então com treze anos.
Em 388 a.C., na Batalha de Queróneia, as cidades-estado são derrotadas pelas tropas macedônicas e chega ao fim a autonomia grega. Toda a Grécia encontrava-se unida, infelizmente, em correntes, sob o julgo de Felipe II. Inicia-se um novo período na história grega: a helenização do mundo “bárbaro”. Dominada territorialmente pela Macedônia e depois por Roma, a Grécia terá suas fronteiras aviltadas e seus conhecimentos comporão o pensamento e a vida das futuras sociedades européias, influenciando de sobremaneira todo o pensamento ocidental. Aristóteles nunca concordou com a helenização mundial imposta por Alexandre, não aceitando a fusão da civilização grega com a oriental (bárbara) por acreditar que povos tão distintos entre si nunca poderiam compor um mesmo regime político.
No ano de 366 a.C. Felipe II é assassinado e Alexandre torna-se rei, dando continuidade à expansão de um dos maiores impérios da antiguidade, conquistando a Ásia Menor, Fenícia, Egito, Babilônia e parte da Índia. Junto com o domínio militar macedônico avança também a cultura grega. Em 335 a.C. Aristóteles retorna a Atenas e funda o Liceu. Suas aulas, como era usual na época, ocorriam em meio a caminhadas, onde seus discípulos – os peripatéticos, que significa em grego “os que passeiam” – gozavam do ócio para desenvolverem um saber essencialmente contemplativo. O Liceu tornou-se um centro de estudos dedicado às ciências naturais, alcançando grandes êxitos no campo da biologia. Após a morte de Alexandre, Aristóteles passou a ser hostilizado pelos atenienses, em razão de ser ele um estrangeiro e um colaborador do dominador macedônico, sendo acusado de impiedade e tendo de fugir para Cálcis, onde morre, em 322 a.C.

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