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quinta-feira, 23 de julho de 2009

O mito de Édipo segundo Sófocles



Segundo a mitologia grega, Édipo é filho de Laio e Jocasta, reis da cidade-estado grega Tebas. Conforme o costume da época, Laio consulta um oráculo, que lhe prediz que não deve ter filhos com a rainha Jocasta e caso os tenha, seu filho o assassinará e desposará a própria mãe – parricídio e incesto, dois crimes tidos como hediondos para os gregos. Nasce Édipo e o medo da previsão faz com que o rei ordene ao servo que leve o menino à floresta e o mate, amarrando-o com um fio trespassado por orifícios feitos nos tornozelos – daí o nome Édipo, que em grego significa “aquele que tem os pés inchados”, na verdade, feridos pela produção dos orifícios. O servo se compadece do menino e o entrega a outro servo, que pertence ao reino vizinho. O menino é adotado pelo rei e rainha deste reino e cresce. Agora é Édipo quem visita o oráculo e ouve seu horrível destino: matar o pai e desposar a mãe. Foge desesperado e em viagem, esbarra na comitiva do rei Laio, seu pai verdadeiro. Combate-o e mata-o. Já se cumpriu a primeira parte da profecia. Ao chegar a Tebas, vê a cidade atormentada por um monstro mitológico, a esfinge, uma espécie de leão que, às portas da cidade, aborda os viajantes e lhes propõe um enigma. Édipo é submetido à seguinte pergunta: “qual criatura tem quatro pés na manhã, dois à tarde e três à noite?”. Com inteligência, Édipo responde que é o homem, pois de manhã – infância – engatinha enquanto bebê. À tarde – vida adulta – apenas dois, pois caminha ereto sobre as pernas apenas. À noite – velhice – adota um terceiro membro, na verdade, uma bengala que serve de apoio às pernas cansadas pela idade. A esfinge se lança num penhasco e morre e a cidade é libertada pelo “herói”, que é entronizado e recebe de Creonte, irmão da rainha, a honra de casar-se com Jocasta e reinar sobre a cidade-estado. Cumprida na totalidade a profecia.

Édipo tem quatro filhos com Jocasta – entre eles Antígona, outra fonte de inspiração para Sófocles – e administra bem a cidade até que uma peste assola a cidade e o rei Édipo envia seu agora cunhado, Creonte, ao oráculo, que vaticina que a peste só será debelada após o assassino do rei Laio for encontrado e punido. É justamente aí que tem início a obra sofocliana Édipo Rei.

Creonte traz a noticia que o assassino encontra-se inserido em pleno reino e que o sábio cego Tirésias sabe a resposta do enigma que atormenta o Rei. Tem início uma completa investigação criminal que culmina com o inevitável: Édipo conscientiza-se e pune a si mesmo, perfurando seus olhos e exilando-se em companhia das filhas Ismênia e Antígona para a região de Colono, próximo a Atenas – aqui a gênese da terceira obra da trilogia sofocliana: Édipo em Colono, seguida por Antígona. A rainha Jocasta suicida-se e Creonte passa o poder aos dois filhos de Édipo que, mais tarde, se matarão na disputa pelo poder.

Sófocles, originalmente, não criou a lenda do Édipo Rei. Essa lenda foi transmitida de geração para geração desde os tempos imemoriáveis, por meio de transmissão oral. O trágico grego tampouco foi o único a escrever sobre o atormentado rei tebano. O mito foi a primeira explicação que o homem compõe sobre um mundo desconhecido e perigoso. A visão mítica serviu de preâmbulo à racionalidade grega, que evoluiu ao pensamento cientifico do homem moderno.

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