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quinta-feira, 23 de julho de 2009

PENSAMENTO DOS GREGOS ANTIGOS

Foram os sofistas os principais responsáveis pela democratização da educação na Grécia Antiga, apesar de se dedicarem, quase que exclusivamente, do ensino de retórica. Seus alunos eram oriundos de outras classes sociais, já que a aristocracia dispunha de um ensino preceptorial.
A educação grega – a Paidéia ou uma ação recíproca entre o processo histórico pelo qual se chegou à formação do homem grego e o processo espiritual através do qual os Gregos lograram elaborar o seu ideal de humanidade - prestava-se à formação do cidadão-livre, que deveria administrar e defender a cidade com justiça e virtude.
Jeanne Claude Mossé, renomada filósofa francesa que esteve no Brasil em 1988, nos apresenta em sua obra O processo de Sócrates (1990, Jorge Zahar Editor) uma valiosa citação de Crítias – sofista e tio de Platão:

“Houve uma época em que a vida do homem era desordenada e controlada pela força bruta (...), assim como a dos animais selvagens. Não havia então nem recompensa para os bons, nem punição para os maus. Depois, os homens conceberam a idéia de impor leis como instrumento de punição, a fim de que a justiça fosse à única vencedora e derrotasse a violência. Se alguém cometia um erro, era punido. Mas como as leis somente puniam os atos de violência declarada, os homens continuaram a cometer seus crimes em segredo. Então acredito que um homem decidido e enxergando longe percebeu a necessidade de um preventivo que desse resultado, mesmo quando meditássemos ou executássemos ações escondidas. Assim foi introduzida a idéia de divindade, de um deus sempre ativo e vigoroso, ouvindo e vendo em espírito tudo o que fazem ou dizem os homens. Tal foi, portanto, a origem da crença nos deuses e da obediências às leis.”

Aristóteles, tal como os filósofos da época, era um sábio, dotado de conhecimentos de diversas áreas: história, ética, biologia, medicina e até gramática. Escreveu uma obra sobre a gramática e lingüística de seu tempo intitulada Poética ou Arte Poética. Nela, descreve minuciosamente as definições de todos os gêneros lingüísticos existentes: comédia, mito, peripércia, e muitos outros, incluindo a tragédia grega:
É pois a tragédia imitação de uma ação de caráter elevado, completa e de certa extensão, em linguagem ornamentada. (...) Se efetua não por narrativa, mas mediante atores. (...) O espetáculo cênico é uma das partes da tragédia. (...) São seis as suas partes: mito, caráter, elocução, pensamento, espetáculo e elopéia.
O helenista alemão Werner Jaeger, autor do clássico Paidéia (1986, Ed. UNB/Martins Fontes) preconiza que a tragédia grega reveste-se, para o homem grego do século V a.C., em instituição normativa. O espetáculo teatral possuía considerável poder educativo. Sófocles aceitou, com plena consciência, o papel de sucessor de Ésquilo, sendo este considerado pelos atenienses um herói e venerável mestre. A concepção grega de poesia não se apoiava na individualidade, mas na perpetuação de uma arte que se transmitia de um poeta para o outro. Um pensamento do célebre Isócrates atesta esta mais esta particularidade dos gregos antigos: “Não é no que se faz pela primeira vez, mas na mais perfeita realização de uma arte que se observa a originalidade”.

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